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Número mágico – o da camisa 10, talvez, o mais cobiçado entre a garotada que sonha um dia em vesti-la. Poderia seguir por este caminho, listando tantos craques que a envergaram…
No tocar da bola, o mágico é substituído pelo trágico. Temos um costume cultural que “celebra” datas fúnebres. Estranho fenômeno necessitaria ser investigado.
No dia, 29/11, “comemorou-se” o primeiro aniversário do acidente aéreo que envolveu o time da Chapecoense, e que foi o número dez na história dos acidentes desse tipo nos esportes, segundo o site www.gazetaesportiva.net no link https://www.gazetaesportiva.com/campeonatos/brasileiro-serie-a/relembre-acidentes-aereos-com-times-de-futebol-que-chocaram-o-mundo/.
O desditoso evento uniu torcidas pelo mundo num único canto, o da solidariedade para com as vítimas e familiares, como bem expressou o Barão Vermelho na música “O poeta está vivo”: “Todo mundo é parecido quando sente dor”. Realmente, quem não se solidarizou com a dor da Chape e de Chapecó?.
Interessante observar que, na Psicanálise, entre os anos 1920 e 23, Freud desenvolveu o trabalho intitulado “Psicologia das Massas e Análise do Eu”. No texto, ele corrobora a teoria de Le Bon ¹, pela qual o indivíduo ganha intensidade e poder associando-se com um determinado grupo, conquistando uma espécie de segurança. Tal sentimento de pertença, todavia, é influenciável e, em muitos casos, até incontrolável, podendo, inconscientemente, acarretar impulsividade ao grupo com consequências danosas.
No contraponto da Economia, Beni Fisch² explica o curioso fenômeno mundial do price gouging: “uma tragédia, ou algum outro evento de natureza extraordinária, gera um súbito e inesperado aumento na demanda por determinado bem ou serviço. Em resposta, os provedores dentro do respectivo mercado elevam seus preços de maneira substancial.” Acesse a matéria pelo link http://terracoeconomico.com.br/sobre-chapecoense-e-outras-tragedias-o-que-e-o-price-gouging-e-por-que-ele-nao-deve-ser-coibido.
Agir sobre a influência da massa, por determinado motivo, comprando camisas comemorativas, associando-se ao time da Chapecoense é compartilhar de um sentimento de solidariedade. Porém, um ano depois, famílias continuam desamparadas, aguardando indenizações para tentar seguir.
Agora em campo há apenas,um jogador. O Luto destes familiares e amigos. Freud, em seu trabalho, Luto e Melancolia³ , descreve o Luto da seguinte forma:
“No luto, é o mundo que se torna pobre e vazio. Luto no qual nada existe de inconsciente a respeito da perda.”
Nesse jogo o luto é interminável. O indivíduo que perde alguém é como se lhe fosse retirado um pedaço do próprio ego. Essa dor não acabará quando o árbitro apontar o centro, apitando o fim de jogo. O luto permanecera latente.
Concluo com o Hino da Chapecoense:
Ó Glorioso verde que se expande
entre os estados tu és sempre um esplendor
nas alegrias e nas horas mais difíceis
meu furacão tu és sempre um vencedor
São tantos títulos outrora conquistados
com bravura, muita raça e fervor
leva consigo o coração de uma cidade
meu furacão tu és sempre um vencedor
Sempre honrando nosso escudo com sua raça
és alegria nos estádios nunca só
na imensidão e vastidão de nosso estado
Chapecoense tu és sempre Chapecó
A força imensa de sua fiel torcida
que nos estádios tudo é lindo e nos fascina
a nossa massa meu verdão mexe contigo
tu és querido em toda Santa Catarina.
(Letra: Luiz A. Maier)
FORÇA CHAPE!
¹ Gustave Le Bon (7 de maio de 1841—13 de dezembro de 1931) foi um psicólogo social, sociólogo e físico amador francês.
² Formado em ciência política e história pela Universidade McGill, e mestre em Economia Política Internacional pela LSE
³ Vol. XIV, (8) Luto e Melancolia (1917[1915])
