Há Palavras que Nos Beijam
20 de maio de 2018Mais de Freud: Caso Elizabeth Von R. [Fragmento de la serie “Freud” BBC 1984. Dir.: Moira Armstrong.]
27 de maio de 2018Apreender com as palavras a substância mais nocturna
é o mesmo que povoar o deserto
com a própria substância do deserto
Há que voltar atrás e viver a sombra
enquanto a palavra não existe
ou enquanto ela é um poço ou um coágulo do tempo
ou um cântaro voltado para a sua própria sede
Talvez então no opaco encontremos a vértebra inicial
para que possamos coincidir com um gesto do universo
e ser a culminação da densidade
Só assim as palavras serão o fruto da sombra
e já não do espelho ou de torres de fumo
e como antenas de fogo nas gretas do olvido
serão inicialmente matéria fiel à matéria.
António Ramos Rosa, em O Livro da Ignorância, 1988
António Vítor Ramos Rosa (Faro, 17/outubro/1924 – Lisboa, 23/setembro/2013), poeta, ensaísta, tradutor e desenhista, estudou em Faro, mas não concluiu o ensino secundário por questões de saúde. Dono de vasta obra, e detentor de muitos prêmios, publica, em 1958, no jornal A Voz de Loulé o poema Os dias, sem matéria. No mesmo ano vem seu primeiro livro O Grito Claro, número inaugural da coleção de poesia A Palavra, editada em Faro e dirigida por seu amigo e poeta Casimiro de Brito. Ainda em 1958 inicia a publicação da revista Cadernos do Meio-Dia, que em 1960 é suspensa por ordem da polícia política. Foi um dos fundadores da revista de poesia Árvore (1951-1953). A 10/junho/1992 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada e a 9/junho/1997 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. A Biblioteca Municipal de Faro tem seu nome. Em 2003, a Universidade do Algarve, concedeu-lhe o grau de Doutor Honoris Causa.
Fontes:
http://antonioramosrosa.blogspot.com.br/
https://www.escritas.org/pt/antonio-ramos-rosa
http://sylviabeirute.blogspot.com.br/2010/10/antonio-ramos-rosa-poemas-poesia.html