O inconsciente é estruturado como uma linguagem
4 de junho de 2019Professora Maria José Siqueira coordena capacitação para facilitadores do Projeto Geração de Futuro
11 de junho de 2019Este vídeo faz uma retrospectiva e um resgate de pontos marcantes do Programa Valorização da Vida e sua especificação em São Paulo como o Escola é Vida. É uma tentativa de retomar os princípios e metodologia antes usados e consagrados e projetá-los para o momento presente, atualizando-os e tornando-os disponíveis para novas edições.
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O Projeto Escola é Vida apresentava uma visão de mundo para além da prevenção do uso de drogas tinha claramente uma visão de mundo diferente e uma preocupação que nos convidava a todo momento à reflexão:
O projeto Escola é Vida entendia que um ensino que promove só a aprendizagem repetitiva, que não favorece a participação ativa dos alunos, que não desperta neles a curiosidade suficientemente desafiante a ponto de suscitar a motivação é um lugar sem vida portando sem futuro.
Tinha a clareza de que a escola não é o único espaço onde acontece a Educação, a prevenção, isso sem negar que nela passamos (as crianças e adolescentes e professores/educadores) grande parte da existência. Nesta constatação, ancorava o desejo de que a escola fosse um espaço encantador, um espaço de motivação, de aprendizagens significativas, de construção do conhecimento e do exercício da convivência fraterna deixando as crianças e adolescentes experimentarem a vida na sua extensão maior.
O “Escola é vida” foi um projeto arrojado, vanguardista, à frente do seu tempo. Muito do que se tem falado de prevenção nas últimas duas décadas nos meios científicos, como os acadêmicos, já era trabalhado com a comunidade escolar pelo projeto no início dos anos 90.
O assombro de profissionais da Educação da SUNY (The State University of New York) ficou evidente quando, em 1994, o Projeto foi apresentado em um Congresso para educadores. Os pressupostos teóricos, a metodologia proposta, a avaliação dos resultados não deixava dúvida sobre a seriedade do trabalho. Etapas de sensibilização da comunidade escolar, capacitação de 400 horas para os professores sobre prevenção de drogas, adolescência, sexualidade; acompanhamento das ações em cerca de 50% da Rede de ensino do Estado de Sçao Paulo, não era pouca coisa.
Infelizmente, o Projeto foi repentina e desrespeitosamente encerrado por questões políticas/partidárias na entrada de um novo governo. Mas os efeitos de todo um trabalho de qualidade e responsabilidade para com a Educação pode ser sentido até hoje pelos que tiveram a oportunidade de passar por esta rica experiência.
O Projeto Escola é Vida, mais que um projeto de prevenção ao uso de drogas, foi um projeto de resgate do papel do educador, e da escola, como agente comunitário de transformação através da valorização dos saberes e das potencialidades de cada um da comunidade escolar.
Ter participado desse projeto, foi para mim, uma experiência enriquecedora.
Falar do Projeto Escola é Vida é falar da história da minha vida
Quando começamos éramos um grupo de pessoas, com muitas ideias e muitas diferentes formas de ver o mundo.
Acreditávamos na capacidade das pessoas, a força dos seus sentimentos e de maneira ousada e sem limites assumimos o desafio de fazer prevenção de drogas nas escolas públicas.
Algumas entendiam de escola, outras de drogas, outras de política, outras de ciência, mas todas sabíamos que aquele seria um grande projeto e que marcaria nosso caminho para sempre.
Sempre soubemos que não se previne droga falando dela. Nos aventuramos então a trazer temas, metodologias e agregar criatividade, inovar nos detalhes, ficar próximo das pessoas e acima de tudo persistir.
Fazer algo superficial é mais fácil, talvez traga mais números, mas nós não queríamos isso. Nossa meta era que a cultura dos sistemas de ensino mudasse, dar os alunos o protagonismo, conhecer os talentos dos professores. Tudo isso em escala, acompanhando cada equipe, cada cidade, cada reação.
Tínhamos equipe central, equipe volante, equipes locais, formações, supervisões, atividades anuais. Tudo o que era necessário para estar perto, escutar, visibilizar, celebrar, trocar, integrar.
Foram anos de aprendizado, muito investimento, dedicação que me fizeram entender primeiro quem eu era como profissional. Uma psicóloga cheia de energia, sem medo, curiosa e criativa. Depois fui me conhecendo como pessoa: Engraçada, desorganizada, confusa as vezes, mas muito destemida, ousada. Aprendi a ser equipe, a olhar para outros e caminhar. Aprendi o que significa ter impacto na política pública, transformar algo que se sustenta ao longo do tempo. Levei essa força para meus seguintes trabalhos e projetos de vida.
O Escola é Vida me possibilitou anos depois criar a Lua Nova que viveu com o propósito de fazer de verdade, não fingir, não desistir. Enfrentar e transformar.
O Escola é Vida sem sombra de dúvidas preveniu o abuso de Drogas no Estado de São Paulo, mas fez muito mais, cumpriu a missão formar pessoas que fazem de verdade.
Sou uma dessas pessoas, formada neste projeto e gerando “filhos” do Escola e Vida pelo mundo.
Obrigada Escola é Vida.
Escola é Vida
A escola é o futuro no presente.
Escola é Vida foi um projeto que nunca deveria ter sido encerrado. Eu creio que se isso não tivesse ocorrido às escolas públicas não teriam os problemas que tem, pois os temas abordados teriam sido preventivos para as atuais situações de violência, drogas e sexualidade vivenciadas pelas educadoras.
Estamos em 2019, quase 30 anos do início do projeto Escola é Vida. Posso dizer que tive o orgulho de estar presente e participar do seu processo de implantação no século passado, década de 90. Um projeto que tinha uma visão clara da importância da capacitação de educadores e profissionais de escolas públicas, em abordagens saudáveis, para mostrar aos alunos como dizerem NÃO frente à violência, drogadição e sexualidade, temas que podiam perpassar todas as matérias. Mas, tristemente, foi encerrado, pois estava muito além de sua época e tecnocratas que assumiram no governo posterior, não entenderam sua grandeza e extensão.
Participei do projeto Escola é Vida ministrando cursos de elaboração de projetos, uma pequena parte de um todo coordenado pela Psicóloga e Orientadora Educacional Maria José Siqueira, há quem muito devo e admiro.
Dezenas de educadoras do estado de São Paulo participavam do projeto participando de diversos cursos referentes à violência, drogas e sexualidade. No meu curso, após ensinar como elaborar um projeto elas deveriam planejar e elaborar projeto de interesse regional ou para sua comunidade escolar e seriam, após aprovados, acompanhado e avaliado pela coordenação central do projeto basicamente nos quesitos: objetivos, metas, recursos financeiros e resultados. O projeto Escola é Vida foi uma formação intensiva e propositiva de iniciativas inéditas para a época, pois os participantes já saiam com propostas para execução.
Eu, durante mais de um ano, estive presente ensinando e avaliando alguns projetos de “educadoras – facilitadoras” da Escola é Vida e fui percebendo o grau de maturidade na elaboração dos projetos. Objetivos claros, metas exequíveis e passíveis de medição na qualidade e quantidade. Os cursos, com conteúdos reais e teóricos, fizeram as professoras mais fortes para a multiplicação dos conteúdos, muitas tiveram que reviver seus fantasmas pois vivenciaram vários fatos. Escola é Vida preparava a todos para dizerem não a violência, drogas ou condutas agressivas.
Caso não tivessem encerrado o projeto, reitero que muitas crianças e jovens teriam se beneficiado. Infelizmente acabaram. Eu espero que a história desse projeto seja conhecida e reconhecida e ainda, nesse século, executado de forma contextualizada, mantendo princípios e valores do bem e para o bem.
Agradeço a todos integrantes e professoras participantes de São Paulo, principalmente a Professora Maria José Siqueira pelo meu aprendizado e vivencias. Senti que todos participantes estavam imbuídos em aprender e multiplicar princípios e valores do bem viver a vida, dizendo Não ao que poderia lhe tirar a vida, de forma física ou psicológica. Foi uma experiência de grande responsabilidade, reflexões sobre a realidade e busca de mudanças.