Freud, o pai da Psicanálise
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13 de novembro de 2019Em 30 de outubro passado encontrei, no site Inbobae uma interessante matéria assinada por Hinde Pomeraniec ([email protected]),de 7 de julho de 2017, intitulada “La trágica vida de la sobrina de Freud que ilustraba libros para chicos”.
Embora de nome Martha (Martha Gertrude Seidmann-Freud, 1892-1930), fazia-se chamar por Tom. Foi uma grande artista e seus trabalhos têm sido recuperados por colecionadores e críticos. Suicidou-se aos 37 anos e, para o tio famoso, foi sempre “um pouco louca”.
No Freud Museum, em Londres, pode-se saber mais a respeito da vida e obra de Tom Seidmann-Freud (https://www.freud.org.uk/2018/11/01/the-life-and-work-of-tom-seidmann-freud/).
Tom Seidmann-Freud nasceu em Viena, no seio de uma família judia e burguesa. Foi chamada Martha-Gertrud Freud. Sua mãe, Mitzi (Marie), era irmã de Sigmund Freud e seu pai, Moritz, era um primo distante da família.
Depois sua família foi para Berlim e, aos 15 anos, ela mudou seu nome para Tom, passando a vestir, ocasionalmente, roupas masculinas. Dizem seus netos que o propósito era o de usar um nome masculino para publicar os primeiros poemas, pois não queria que seu gênero fosse um obstáculo.
Em 1911, acompanhou seu pai a Londres para estudar arte. Durante os estudos, escreveu e ilustrou dois livros: “Wölkchen” (A pequena nuvem) e “Der Garten des Leidens” (O Jardim do Sofrimento). Os primeiros sucessos vieram de 1914, com suas próprias publicações. De volta a Berlim, na escola do Museu Real de Artes Aplicadas, estudou design gráfico, desenho, pintura decorativa, escultura em madeira, gravura em pedra e estampagem de cobre.
Morou em Munique entre 1918 e 1920. Em 1920, conheceu o escritor Jakob (Jankew) Seidmann, com que se casou e com quem teve a filha única Angela (Awiwa). O casal fundou a editora Peregrina, que cuidava de questões religiosas especificamente para os imigrantes judeus do Leste. Nesta cidade, Tom conviveu com um grupo de intelectuais e artistas de destaque, entre os quais o filósofo Gershom Scholem, que em sua autobiografia a menciona como “uma das figuras inesquecíveis da época”, e a descreve como “estranhamente feia” e “ótima”. Não comia, diz Sholem, e era uma verdadeira boêmia: “vivia à base de cigarros e seu quarto estava sempre cheio de fumaça”.
Em 1923, Theodor, o irmão favorito de Tom, morreu afogado em Mäckersee, norte de Berlim. Ela nunca se recuperaria de tal perda.
Posteriormente, seu estilo de ilustração mudou. Ela abandonou as diretrizes da “Jugendstil” para adotar as da Nova Objetividade (“Neue Sachlichkeit”), a arte moderna que reinou durante a República de Weimar, com suas linhas mais geométricas, seus tons mais claros e o uso de cores delicadas e até transparentes.
Em Berlim, o casal Seidmann conheceu Chaim Najman Bialik, escritor e tradutor judeu, que desejava levar a boa literatura do mundo, vertida ao hebraico, para os filhos da Palestina. Em pouco tempo fizeram amizade e sociedade: montaram a editora Ophir (terra bíblica de grande riqueza), com o objetivo de criar e recriar a melhor literatura infantil em hebraico. Os títulos do catálogo (diferentes tipos de literatura, textos de pedagogia e metodologia para leitura, escrita e também para operações matemáticas) começaram a circular e angariar excelentes comentários de artistas e de intelectuais refinados. Mesmo Walter Benjamin escreveu elogiosamente sobre os livros da Ophir.
Durante a Grande Depressão, 1929, a editora faliu e Jankew Seidmann tirou a própria vida. Tom Seidmann-Freud adoeceu de anorexia e depressão grave, da qual não se recuperou. Em 7 de fevereiro de 1930, quatro meses após o falecimento do marido, ela morreu de overdose de sonífero (provável suicídio). Foi enterrada ao lado do marido no cemitério judeu Berlin-Weißensee.
Em 18 de fevereiro do mesmo ano, Sigmund Freud, que pouco antes havia enviado uma carta a um sobrinho mencionando que a ilustradora sempre fora “um pouco louca”, se reuniu com o inventariante dos Seidmann, para tratar do destino de Ângela, a filha de seis anos de Tom, agora órfã. Freud ficou sabendo que sua sobrinha havia deixado uma carta com instruções, incluindo a proibição expressa de que a menina fosse adotada por Anna Freud ou submetida à psicanálise. Ângela foi criada por uns tios.
Em 1942, durante a II Guerra, a mãe de Tom Seidmann-Freud, Marie, foi deportada de Viena para Treblinka e se tornou vítima do Holocausto.
Hoje, a grande obra de Tom Seidmann-Freud está em ascensão: a artista amaldiçoada e sofredora virou cult. Seus desenhos são vendidos em leilões, seus livros reeditados, e suas várias técnicas são discutidas.