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6 de novembro de 2019Martha (Tom) ilustradora de livros infantis e sobrinha de Freud: exemplo de coragem
10 de novembro de 2019Freud, figura de influência definitiva no pensamento contemporâneo, disse certa vez: “Se você quer viver, prepare-se para morrer” e, enquanto escrevia e publicava artigos incansavelmente, faleceu em Londres, a 23 de setembro de 1939. Nascera em 6 de maio de 1856, em Freiberg (Morávia* – região que pertence atualmente à República Checa, mas no nascimento de Freud era parte do Império Austríaco), e, apesar de ser de família judia, foi educado independentemente de idéias religiosas e nacionalistas. As dificuldades econômicas de sua família também não impediram que ele, com 17 anos, entrasse na Universidade de Viena, onde cursou medicina. Diante do crescente antissemitismo na capital austríaca, Freud decidiu mudar seu nome de Sigismundo para Sigmund, pelo qual seria conhecido e tornar-se-ia famoso a partir de então.
Freud, figura de influência definitiva no pensamento contemporâneo, disse certa vez: “Se você quer viver, prepare-se para morrer” e, enquanto escrevia e publicava artigos incansavelmente, faleceu em Londres, a 23 de setembro de 1939. Nascera em 6 de maio de 1856, em Freiberg (Morávia* – região que pertence atualmente à República Checa, mas no nascimento de Freud era parte do Império Austríaco), e, apesar de ser de família judia, foi educado independentemente de idéias religiosas e nacionalistas. As dificuldades econômicas de sua família também não impediram que ele, com 17 anos, entrasse na Universidade de Viena, onde cursou medicina. Diante do crescente antissemitismo na capital austríaca, Freud decidiu mudar seu nome de Sigismundo para Sigmund, pelo qual seria conhecido e tornar-se-ia famoso a partir de então.
Em 1924, surge sua primeira biografia, escrita por, Fritz Wittels, um dos primeiros discípulos e membro da “Sociedade psicológica da quarta-feira”. O biografado reage com bastante irritação por conta do livro e do retrato feroz que Wittels fez dele, apresentando-o como um tirano. Freud envia ao autor a lista das numerosas inexatidões e das retificações a efetuar.
“Essa vontade de dominar a história é constante em Freud. Ele nunca procurou dissimulá-la e nunca mentiu conscientemente a respeito de si mesmo. Era por isso que, quando alguém tomava a iniciativa de contar sua vida, como fez Fritz Wittels, por exemplo, ele se mostrava preocupado com o respeito à estrita exatidão dos fatos. Não obstante, experimentava certo prazer com a idéia de que seus futuros biógrafos pudessem atrapalhar-se.” (ROUDINESCO, PLON. Dicionário de psicanálise. Tradução Vera Ribeiro, Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. p. 345).
Algumas obras marcantes a respeito da vida de Freud, por exemplo, são:
- a de seu biógrafo oficial Alfred Ernest Jones, introdutor da psicanálise na Inglaterra: The life and work of Sigmund Freud (A vida e a obra de Sigmund Freud). EUA, Ed. Basic Books, primeira publicação 1953. Em que pese alguma polêmica, seja pelo estilo seja pela personalidade de Jones, os três volumes são considerados essenciais para se compreender o contexto social e político da época, as influências intelectuais, médicas, filosóficas e culturais de Freud, a epistemologia da psicanálise e o crescimento do movimento psicanalítico em Viena e no mundo.
No Brasil:
- em 1975, o livro foi lançado pela Editora Zahar, volume único, organização e resumo de Lionel Thilling e Steven Marcus, 782 p.
- em 1989, pela Editora Imago, com tradução de Julio Castanon Guimaraes, 528 p.
https://wwnorton.com/books/9780393328615
No Brasil
- Freud – uma vida para o nosso tempo. Tradução: Denise Bottmann. Ed. Companhia das Letras, 2012, 824 p.
https://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=87002
- a de Elisabeth Roudinesco (importante historiadora e psicanalista, professora na École Pratique des Hautes Études, França): Sigmund Freud en son temps et dans le nôtre, que “a partir de novos arquivos abertos pela Biblioteca do Congresso em Washington, reconstitui a vida de Freud através das intensas relações que ele manteve com seus mestres e discípulos, familiares e amigos, além dos pacientes.” Éditions du Seuil, Paris, 2014, 592 p.
https://www.seuil.com/ouvrage/sigmund-freud-elisabeth-roudinesco/9782021183795
No Brasil:
- Sigmund Freud na sua época e em nosso tempo. Tradução Renata Dias Mundt e André Telles. Editora Zahar, 2016, 528 p.
- a dos psicanalistas René Major e Chantal Talagrand: Freud. Tradução de Júlia da Rosa Simões. Editora L&PM, 2017, 256 p.
- não um biografia stricto sensu, todavia não posso deixar de lembrar da magnífica obra, em três volumes, do grande psicanalista argentino Emílio Rodrigué: Sigmund Freud – o século da Psicanálise 1895-1995, lançado no Brasil pela Editora Escuta, 1995.
“Se Lacan fez, como resposta a IPA, um retorno a Freud via teoria, Rodrigué o faz via biografia, uma história das biografias recheada com a própria história da psicanálise. Não creio, que seu movimento fosse dirigido a opositores, não mais uma briga com a APA, porém endereçado a um desvio, que ele próprio havia cometido. Era sua fidelidade a Freud, que proclamava, uma homenagem ao pai. Um testemunho do psicanalista que nunca havia deixado de ser. Uma prestação de contas para o “adultério cometido”. O retorno de um viajante aventureiro, cujas andanças pelo mundo não foram suficientes para impedi-lo de regressar ao seu ponto de origem.” conforme se lê na página oficial em:http://www.emiliorodrigue.com.br/biografia/biografia.html - a deliciosa obra de Otave Mannoni: Freud – uma biografia ilustrada. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges, Editora Zahar, 1994, 192 p. Primeira edição francesa de Éditions de Seuil, 1968.
E certamente há muito mais, como das trocas de correspondências e mesmo as que tentam denegrir seja o homem Freud seja sua obra, como já apontado antes pela própria Elisabeth Roudinesco acima mencionada (Em defesa da psicanálise; Freud – Mas por que tanto ódio?, ambas lançadas no Brasil pela Zahar).
Mas o que cabe aqui neste breve texto é que, mesmo com tudo isso sempre cabe uma nova ênfase, surge um novo ponto, há uma outra interpretação ou dado.
Assim, Josep Gavaldà, em 23 de setembro de 2019, escreveu na página da National Geographic (Espanha) (https://www.nationalgeographic.com.es/historia/sigmund-freud-padre-psicoanalisis_14704), sob o título de “Sigmund Freud, el padre del psicoanálisis”, que:
- Depois de aprender espanhol como autodidata, Freud fundou, juntamente com seu amigo Eduard Silberstein, um tipo de sociedade secreta que eles chamavam de Academia Castellana, onde, sob os pseudônimos de Cipión para Freud e Berganza para Silberstein, começaram a ler Miguel de Cervantes, com destaque O colóquio dos cães, da qual escolheram seus apelidos. (O colóquio dos cães, uma das 12 histórias publicadas por Cervantes em 1613 sob o título Novelas exemplares.)
- “Entre 1884 e 1887, Freud escreveu uma série de artigos nos quais defendia o uso de cocaína para fins terapêuticos e, em alguns experimentos subsequentes, demonstrou as propriedades da cocaína como anestésico local. Em 1884, publicou um artigo intitulado Über Coca (Sobre a Coca), no qual ofereceu ao leitor uma enorme quantidade de dados sobre a história do uso dessa planta na América do Sul, sua exportação para a Europa, seus efeitos em humanos e animais e seus múltiplos usos na terapêutica. Posteriormente, o oftalmologista austríaco Carl Koller publicou os resultados da pesquisa de Freud e obteve grandes sucessos em intervenções oftalmológicas.”
“Em 1886, Freud se casou com Martha Bernays e, após a publicação de cartas enviadas para sua então noiva e sua esposa, soube-se que ele fez uma tentativa frustrada de curar seu amigo Ernst von Fleischl-Marxow, que era adicto à morfina, com cocaína. O tratamento não funcionou e serviu apenas para acrescentar outra adicção às que seu amigo já sofria, que morreu pouco depois.”
- “Em 1899, Freud publicou o que é considerado seu trabalho mais importante e influente, “A interpretação dos sonhos”, embora a data oficial da publicação, no entanto, tenha sido estabelecida em 1900. Em 1905, foram publicadas “Três contribuições à teoria sexual”, a segunda de suas obras em importância. Assim, foi inaugurada uma nova disciplina e uma nova maneira de entender a mente humana: a psicanálise.”
“Em 1906, Freud e Jung viajaram para os Estados Unidos e viram com surpresa o entusiasmo que, muito antes do que na Europa, o pensamento freudiano havia despertado lá. Na primavera de 1908, e a convite de Jung, Freud realizou o Primeiro Congresso Psicanalítico em Salzburgo. Em 1910, a Sociedade Psicanalítica Internacional foi fundada em Nuremberg, liderada por Jung, que manteve a presidência até 1914.”
- “O primeiro reconhecimento oficial como criador da psicanálise chegou a Freud em 1902, quando foi nomeado professor extraordinário, fato que ele comentaria em uma carta endereçada a Wilhelm Fliess, médico e psicólogo alemão, na qual dizia sarcasticamente: “Como se de pronto o papel da sexualidade fosse oficialmente reconhecido por sua Majestade.”
“Freud obteve seu primeiro reconhecimento internacional em 1909, quando a Universidade Clark, em Worcester, Massachusetts, concedeu-lhe o título de Doutor Honoris Causa. Assim, com a intenção de disseminar a psicanálise nos Estados Unidos e aproveitar as comemorações do vigésimo aniversário da fundação da universidade, presidida pelo pedagogo e psicólogo G. Stanley Hall, Freud foi convidado a dar várias conferências.”
- “Em 23 de setembro de 1939, com a saúde já muito deteriorada e incapaz de suportar a dor causada pelo câncer de palato, ele conversou com seu médico pessoal, Max Schur, e lembrou-o da promessa que havia feito de sedá-lo para salvá-lo da agonia. Schur lhe aplicou três injeções de morfina, e o pai da psicanálise morreu de overdose. Sigmund Freud foi cremado no crematório leigo de Golders Green. Lá descansam suas cinzas ao lado das de sua esposa Martha.”
Seguramente não cessarão mais publicações dando-nos contas de outros pontos, mais detalhes, da vida e da obra do professor de Viena, o homem da Psicanálise e do eterno charuto… Aguardemos!
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* Além de Freud, registram-se vários ilustres filhos da Morávia, como, dentre outros:
- Rochus Schüch (1788 – 1844), mestre de nosso imperador D. Pedro II
- Gregor Mendel (1822 – 1884), o pai da genética
- Edmund Husserl (1959 – 1938), filósofo fundador da Fenomenologia
- Alfons Mucha (1860 – 1939), pintor e designer gráfico, principal figura da Art nouveau
- Joseph Schumpeter (1883 – 1950), um dos mais importantes economistas do século XX
- Oskar Schindler (1908 – 1974), industrial que salvou da morte 1200 judeus durante o Holocausto, personagem central do filme “A lista de Chindler”.