Como Sigmund Freud queria morrer

Relatos de seus médicos revelam que o pedido do famoso psicanalista ecoa no debate atual sobre suicídio assistido.

Fausto Antônio de Azevedo

Em 1956, o Dr. Felix Deutsch foi convidado a Boston a fim de falar à American Psychosomatic Society e apresentar suas considerações sobre o centésimo aniversário de Sigmund Freud. Ele pediu à platéia para considerar a seguinte pergunta: “Quanto e quando um paciente deve ser informado sobre sua condição, sobre a natureza de sua doença e a ameaça à sua vida, a qual ele precisa enfrentar?” Deutsch então descreveu como, em abril de 1923, seu paciente de 67 anos disse a ele: “Esteja preparado para ver algo que você não vai gostar”. De pé, o médico contou o que aconteceu depois que ele olhou na boca de Freud.

“À primeira vista”, disse Deutsch à platéia atenta, “não tive dúvidas de que era um câncer avançado. Para ganhar tempo, dei uma segunda olhada e decidi chamá-lo de um caso grave de leucoplasia, devido ao fumo excessivo. ”

Não era leucoplasia, uma condição pré-cancerosa. Deutsch soube imediatamente que era um epitelioma, um câncer mais maligno. Trinta e três anos depois, ele se dirigiu a seus colegas e tentou convencê-los do porquê havia dissimulado a verdade.

Deutsch começou explicando como os médicos de sua época temiam causar mais mal do que bem, usando a palavra temida, câncer, e que a ocultação de um diagnóstico “ruim” era comum. Na época, os médicos tomavam decisões unilaterais sobre o quanto divulgariam e que curso de tratamento adotariam…

Saber mais em Lewis Cohen, The Atlantic, September 23, 2014:

https://www.theatlantic.com/health/archive/2014/09/how-sigmund-freud-wanted-to-die/380322/, último acesso em 8/março/2020.